A propósito do S. Martinho



“Pelo S. Martinho castanhas assadas e vinho”

Celebra-se a 11 de Novembro o dia de S. Martinho. Com efeito, S. Martinho foi, durante toda a Idade Média e até uma época recente, o santo mais popular de França. O seu túmulo, em Tours, era o maior centro de peregrinação de toda a Europa Ocidental. A sua generosidade e humildade, aliada a uma enorme fama de milagreiro fizeram dele um dos santos mais queridos da população.
Ele é o santo patrono dos alfaiates, dos cavaleiros, dos pedintes, dos produtores de vinho e dos alcoólicos reformados, dos soldados… O facto do seu dia coincidir com a época do ano em que se celebra o culto dos antepassados e com a altura do calendário rural em que terminam os trabalhos agrícolas e se começa a usufruir das colheitas, leva a que a festa deste santo tenha toda uma componente de exuberância.
Em Portugal, este dia é invocado nas cerimónias dos locais de culto o seu espírito de solidariedade lembrado, quanto mais não seja, através do relato do episódio em que partilhou a sua capa com um pobre. Para além disso, por todo o país, assam-se castanhas, prova-se o vinho. de resto, por todo o lado, as pessoas andam ocupadas, como diz o provérbio, a assam-se as castanhas, prova-se o vinho.
Segundo o etnólogo Ernesto Veiga de Oliveira (1910/1990), o S. Martinho, como o dia de Todos os Santos e Fiéis Defuntos, é uma ocasião de magustos o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos. Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, celebrado em muitas partes com procissões de bêbados, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local.


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